Jesus é o filho de Deus?

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Os muçulmanos consideram Jesus como um venerado profeta e mensageiro de Deus, nascido da Virgem Maria através de um parto milagroso. No entanto, a crença central que distingue o entendimento islâmico da doutrina cristã é a rejeição de Jesus como divino ou o filho literal de Deus.

A unicidade de Deus

O ponto central da crença islâmica é o Tawhid (a unicidade de Deus), sublinhando que não existe outra divindade para além de Deus e que Ele não gera nem é gerado. Consequentemente, atribuir divindade a Jesus ou atribuir-lhe o título de filho de Deus contradiz o princípio fundamental do monoteísmo no Islam.

Um dos princípios mais importantes da crença em Allah é declarar que Allah está acima de todos os atributos que implicam deficiências. Um dos atributos que implicam deficiências que o muçulmano deve rejeitar é a noção de que Allah tem um filho, porque isso implica necessidade e que existe um ser que é semelhante a Ele, e estes são assuntos que Allah está muito acima. Allah diz no Alcorão:

Dize: "Ele é Allah, Único." "Allah é O Solicitado." "Não gerou e não foi gerado." "E não há ninguém igual a Ele."

Alcorão - 112:1-4
(interpretação do significado)

O Alcorão aborda explicitamente a ideia errada da divindade de Jesus, sublinhando o seu estatuto humano e a sua servidão a Deus. Allah diz:

O Messias, filho de Maria, não é senão um Mensageiro; antes dele, com efeito, outros Mensageiros passaram. E sua mãe era veracíssima. Ambos comiam alimentos como os demais. Olha como tornamos evidentes, para eles, os sinais; em seguida, olha como se distanciam destes.

Alcorão - 5:75
(interpretação do significado)

O facto de ambos comerem significa que precisavam de comida para se alimentarem. De acordo com os estudiosos, isto implica que Jesus e a sua mãe tiveram de se aliviar depois de a comida ter sido digerida. Deus Todo-Poderoso está muito acima de depender de comida ou de ter de ir à casa de banho. Allah também diz:

Ó seguidores do Livro! Não vos excedais em vossa religião, e não digais acerca de Allah senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria não é senão o Mensageiro de Allah e Seu Verbo, que Ele lançou a Maria, e espírito vindo dEle. Então, crede em Allah e em Seus Mensageiros, e não digais: "Trindade". Abstende-vos de dizê-lo; é-vos melhor. Apenas, Allah é Deus Único. Glorificado seja! Como teria Ele um filho?! DEle é o que há nos céus e o que há na terra. E basta Allah por Patrono!

Alcorão - 4:171
(interpretação do significado)

Examinar a validade das escrituras cristãs

Os muçulmanos acreditam que os Evangelhos que estão hoje nas mãos das pessoas, nos quais os cristãos acreditam, foram adulterados e alterados, e continuam a ser adulterados de tempos a tempos, de modo que não resta nada na forma em que o Evangelho foi originalmente revelado por Allah.

O Evangelho que mais fala sobre a crença na trindade e na divindade de Jesus (a paz esteja com ele), e que se tornou um ponto de referência para os cristãos nos seus argumentos de apoio a esta falsidade, é o Evangelho de João. Este Evangelho é objeto de dúvidas sobre a sua autoria, mesmo entre alguns estudiosos cristãos - o que não é o caso dos outros Evangelhos em que acreditam.

A Encyclopaedia Britannica menciona:

Quanto ao Evangelho de João, é sem dúvida uma invenção. O seu autor quis pôr em confronto dois dos discípulos, S. João e S. Mateus. Esse escritor que aparece no texto afirmava ser o discípulo amado pelo Messias, e a Igreja tomou isso à letra e afirmou que o escritor era o discípulo João, e pôs o seu nome no livro, embora o autor não fosse de certeza João.

O que significa "filho de Deus" na Bíblia?

A Bíblia em que se diz que Jesus é o filho de Deus é a mesma Bíblia em que a linhagem do Messias termina com Adão (a paz esteja com ele), e também ele é descrito como filho de Deus:

Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério. Era, como se cuidava, filho de José, filho de Eli... filho de Enos, filho de Sete, filho de Adão, filho de Deus. (Lucas 3:23-38)

Esta é a mesma Bíblia que descreve Israel (Jacob) nos mesmos termos:

"Então você lhe dirá que eu, o Senhor, digo o seguinte: Israel é o meu primeiro filho." (Êxodo 4,22)

O mesmo se diz de Salomão (a paz esteja com ele):

"E disse-me: Teu filho Salomão, esse edificará a minha casa e os meus átrios; porque o escolhi para filho, e eu lhe serei por pai." (1 Crónicas 28:6)

Adão, Israel e Salomão foram outros filhos de Deus, antes de Jesus (a paz esteja com ele)? Exaltado seja Deus, muito acima do que eles dizem! De facto, no próprio Evangelho de João há uma explicação do que significa ser um filho; inclui todos os servos justos de Deus, pelo que não há nada de único em Jesus ou em qualquer outro profeta a este respeito:

Porém alguns creram nele e o receberam, e a estes ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. (João 1:12)

Algo semelhante aparece no Evangelho de Mateus:

Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus 5:8-9)

Este uso da palavra “filho” na linguagem da Bíblia é uma metáfora para o servo justo de Deus, sem que isso implique algo especial ou único na forma como ele foi criado, nem o descreva literalmente como descendência de Deus. Por isso, João diz:

Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus! (1 João 3:1)

Resta a questão de Jesus (a paz esteja com ele) ser descrito como filho de Deus e do que fabricaram sobre o Senhor dos Mundos, dizendo que Ele era o pai de Jesus, o Messias (a paz esteja com ele). Isto também não é algo único na linguagem dos Evangelhos:

Jesus disse: "Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus." (João 20:17)

Neste versículo, Jesus diz que Deus é um pai para eles também e que Deus é o Deus de todos eles. O Alcorão enfatiza a absoluta unicidade e perfeição de Deus, rejeitando qualquer associação de parceiros ou descendência com Ele. O termo "filho de Deus" na linguagem bíblica é metafórico, significando justiça, não divindade. Por conseguinte, os muçulmanos defendem o estatuto nobre de Jesus, ao mesmo tempo que afirmam a unicidade de Deus como o cerne da sua fé.

Fonte: islamqa.info · islamqa.info
Traduzido por: Aisha Khattab

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